1º de maio é um dia para reflexão


1º de maio é um dia para reflexão
Foto: divulgação

O Dia do Trabalhador, mais do que uma data para celebrações, é um momento para refletirmos sobre as condições de trabalho em nosso país. Para a categoria dos médicos, que ao longo destes últimos dois anos, enfrentou incertezas, stress, acúmulo de trabalho, perdas financeiras, é hora de avaliar a quantidade de horas trabalhadas.
Ao contrário do que grande parte da população imagina, a vida de um médico não é cheia de glamour . Para a maioria da categoria, a realidade envolve anos e anos de estudos ( um médico nunca deixa de estudar!), longas horas em plantões em dois, três ou até mais locais, outras tantas em atendimentos em clínicas e consultórios particulares, a prática de cirurgias… Ou seja, trabalho e mais trabalho para garantirmos uma boa renda mensal.
Dados da Demografia Médica no Brasil 2020, feita pela Faculdade de Medicina da USP em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que 56% dos médicos de 25 a 35 anos trabalham mais de 60 horas por semana. É mais ou menos nessa época (considerada sua fase mais produtiva) que o profissional sai da faculdade e começa a trabalhar ou a fazer uma residência. Segundo a pesquisa, um residente costuma trabalhar 60 horas semanais ganhando pouco mais de três mil reais por mês. É comum que alguns médicos aliem essa jornada, já bastante puxada, a outros plantões para aumentarem sua renda: não à toa 35% dos médicos nessa faixa etária trabalham mais de 80 horas semanais, o que equivale mais de 11 horas por dia, sete dias por semana!
Infelizmente, o excesso de horas trabalhadas, aliado a todas as limitações impostas pela COVID-19, acabaram aumentando a vulnerabilidade dos médicos ao processo de adoecimento ocasionando um aumento significativo de casos da Síndrome de Burnout na categoria, principalmente se levarmos em conta que há uma resistência de parte dos médicos que se preocupam mais com os pacientes do que com a própria saúde.
Por isso, é necessário uma maior discussão sobre o assunto, para que possamos ajudar os colegas que passam por esse distúrbio, ajudando-os a trabalhar de maneira integral o bem- estar do corpo e da mente, gerando qualidade de vida e equilíbrio para enfrentar os desafios. Afinal, juntos somos mais fortes.

Dr. Elói Guilherme P. Moccellin
Presidente do Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente,
Cubatão, Guarujá e Praia Grande(Sindimed)


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