Setembro Amarelo


Setembro Amarelo
Foto: divulgação

Campanha busca prevenir o suicídio, que cresce especialmente entre médicos jovens
A campanha Setembro Amarelo acontece desde 2014, organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ela transforma a temática de 10/9 – Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – em um assunto a ser discutido durante todo este mês.
O principal motivo da abordagem é a prevenção e redução dos números de suicídio, que chegam a 12 mil todos os anos no Brasil, e a 1 milhão no mundo todo. Há uma concentração de casos entre jovens, e cerca de 96,8% deles relacionados a transtornos mentais: em primeiro lugar a depressão, seguida pelo transtorno bipolar e pelo abuso de substâncias.

Alta taxa entre os médicos
Recentemente, observou-se que os médicos jovens fazem parte da população de risco. Entre março e abril de 2017, foram, pelo menos, seis tentativas de suicídio entre alunos do quarto ano de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o que levou a instituição a criar um escritório de saúde mental para os estudantes.
Como principais causas para este fato, encontram-se a ampla carga horária do curso - na maioria das vezes em período integral –, a pressão dentro e fora da sala de aula, a rotina desgastante – com a adição dos atendimentos, provas e procedimentos médicos –, e a ideia de que precisam sustentar a imagem de 'super-heróis' para a sociedade, familiares e para eles mesmos. Além disso, existe a questão de que os médicos enfrentam acontecimentos trágicos todos os dias. Essa grande exigência mental e física pode desencadear problemas como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, dependência do álcool e outras drogas.
Em levantamento feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas), com o apoio do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), 1,7% dos médicos paulistas, entre 2000 e 2009, suicidaram-se. Contando apenas mortes por causas externas, tirar a própria vida fica atrás apenas de acidente de carro, sendo a causa da morte de 18% dos homens e 21% das mulheres.

Importância da prevenção
Embora consigam identificar os sintomas de risco, muitos médicos evitam admitir que estão doentes. Para ajudar a prevenir o suicídio, recomenda-se sempre observar a pessoa ao lado, notando mudanças de comportamento, comentários suspeitos, isolamento social, entre outros. O diálogo com quem apresenta estes sintomas é essencial para incentivar a busca por ajuda ou a criação de um vínculo que alivie os pensamentos suicidas.
"Mesmo com pouco tempo livre, é necessário que os médicos e estudantes de Medicina lembrem-se de prevenir os transtornos mentais, realizando exercícios físicos, tendo uma alimentação balanceada e momentos de lazer e relaxamento", destaca Katia Burle, conselheira e coordenadora da Câmara Temática Interdisciplinar Sobre Violência nas Escolas Médicas (Camtivem). "Caso percebam algum sintoma, é crucial que não façam a automedicação e procurem auxílio de um colega psiquiatra", completa.
O Cremesp oferece suporte aos médicos por meio do setor de Serviço Social, que orienta e realiza encaminhamento para tratamentos. O telefone de contato é o (11) 4349-9965 e o e-mail: servicosocial@cremesp.org.br .



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